Vice-governador José Wanderley Neto vai receber título de cidadania sergipana

O cirurgião cardíaco José Wanderley Neto, vice-governador de Alagoas, vai receber o título de cidadão sergipano na próxima quinta-feira (7), na Assembleia Legislativa de Sergipe. A homenagem é em reconhecimento à sua contribuição à medicina sergipana e aos demais estados nordestinos, ao lado do também cirurgião José Teles de Mendonça.

A homenagem foi proposta pelo deputado Zezinho Guimarães (MDB), que exerce seu terceiro mandato consecutivo no legislativo sergipano.

A história de contribuições do médico alagoano ao estado vizinho começou ainda na segunda metade da década 70 do século passado, quando José Wanderley e José Teles, recém-formados, retornaram aos seus Estados para exercer a cardiologia.

José Wanderley trouxe um grupo de colegas da universidade para criar em Maceió o primeiro serviço de cardiologia na Santa Casa de Misericórdia de Maceió – também um dos primeiros do país. José Teles trilhou caminho análogo, no Hospital de Cirurgia de Sergipe.

PRIMEIRO TRANSPLANTE

Desde 1978 trocando conhecimentos e aprendizados na profissão, ambos se propuseram realizar o primeiro transplante cardíaco do Norte/Nordeste, sob incentivo do ex-professor Jesus Zerbini, o primeiro cirurgião da América Latina – e o 5º no mundo – a realizar um transplante cardíaco.

O candidato a receber um novo coração era o jovem Sebastião Francisco de Lima, portador de doença de Chagas. A doação surgiu de uma vítima de trânsito em Aracaju. Os dois cirurgiões pensaram inicialmente trazer órgão a Maceió, mas José Wanderley avaliou que seria mais seguro levar o paciente a Aracaju e fazer lá o transplante. E assim foi feito.

Em março de 1989 foi realizado o primeiro transplante cardíaco do Norte/Nordeste numa parceria entre Alagoas e Sergipe que dura até hoje. O paciente, conhecido por Chico, é hoje o mais longevo transplantado cardíaco do Brasil e da América Latina, com 33 anos de sobrevida – um marco na história da cardiologia mundial.

A partir de então, José Wanderley se empenhou em levar a técnica a outros estados nordestinos, tornando o serviço de cardiologia da Santa Casa – o Instituto de Doenças do Coração (IDC) – um centro formador de cirurgiões cardíacos, com reconhecimento nacional.

NORDESTE TRANSPLANTE

Essa exportação de conhecimento foi a mola que impulsionou outra importante contribuição de José Wanderley Neto, também com participação de José Teles: a criação do programa Nordeste Transplante (NE-Tx).

O programa consistia num intercâmbio de pacientes e órgãos entre os estados do Nordeste, nos moldes em que foi viabilizado o primeiro transplante da região. Assim, mediante o aparecimento de um doador, ou o órgão seria levado ao candidato à doação ou este iria ao estado onde estava o doador para fazer o transplante. E isso mobilizava as equipes de cirurgiões e outros profissionais dos dois estados e também estados vizinhos.

O programa deu tanto certo que acabou por incluir outras especialidades, viabilizando também transplantes renais, de córnea etc. A partir dele, a cardiologia do Nordeste foi impulsionada no país, onde ocupa hoje lugar de grande destaque, em especial Alagoas e Sergipe, onde tudo começou.

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