Rachaduras crescem após tremores no Mutange

Moradores do Flexal e da Rua Marquês de Abrantes, em Bebedouro, perceberam o surgimento de novas rachaduras nas casas, após o registro de dois abalos sísmicos na região evacuada do Mutange, na segunda-feira (6). “Depois que houve esse abalo de segunda-feira e o boato que desde quinta-feira passada a Braskem tinha parado as atividades, aconteceu isso de rachar piso e paredes. Estamos aqui sem sossego, com medo de um desastre maior do que o que já aconteceu”, afirmou o morador Valdemir Alves.

Ministério Público Federal quer explicações sobre causas de recentes fenômenos no bairro do Mutange (Foto: Edilson Omena)

A autônoma Maria Cícera disse que a casa dela já tinha rachaduras, mas a situação piorou, após os tremores. “Na última semana elas aumentaram e surgiram novas, tanto no piso quanto na parede. Eu não senti nada, mas quando a gente está limpando a casa é que percebe. Eu nem chamo mais a Defesa Civil porque já veio umas três vezes aqui, disse que ia estudar e depois me dar uma resposta, mas, até hoje, não disseram nada. A situação vai piorando e o medo vai aumentando. Tenho medo dela afundar e cair na hora que eu estiver dormindo”, contou a moradora.

O imóvel do aposentado Tayrone de Melo também apresenta rachaduras. Segundo ele, o problema começou neste ano e o medo é constante. “Não tem um canto na minha casa que não tenha rachadura e sempre tem novidade, sempre surge uma nova ou piora uma que já existia. A casa está rachada e trincada em todo canto. Chamei a Defesa Civil, vieram aqui em abril, fui lá me informar e mandaram ir outro dia, mas até agora não me entregaram o laudo”, disse.

Mora de aluguel

A dona de casa Rose Avelino mora de aluguel em um imóvel repleto de rachaduras, na Marquês de Abrantes. Mas, sem condições de pagar aluguel em outro local, vive com o medo de acontecer uma tragédia. “Da semana passada para cá, prestei atenção que as rachaduras se alargaram. Inclusive, tem rachadura na parede que dá para ver o outro lado, a luz entra no espaço. Não chamo a Defesa Civil porque moro de aluguel e tenho medo do proprietário pedir a casa. Eu vou para onde com meus filhos? A gente espera pela Justiça, que tire a gente daqui, desse isolamento e risco de desastre a qualquer momento”, afirmou.
O temor atinge todos os moradores da região que esperam do poder público a providência de uma realocação.

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