Bancos reivindicam ações da Braskem

De acordo com o jargão do mercado financeiro, lock-up é uma cláusula contratual que estabelece um período no qual os investidores não podem vender as ações de uma empresa, sob pena de multa. A expressão, com origem na língua inglesa, pode ser traduzida como “trancar” ou “travar”.

É exatamente isso que os bancos credores da Novonor estão discutindo com a Braskem, em busca de um acordo de acionista com a Petrobras. Caso se confirme, o fim de uma novela societária pode estar próximo na petroquímica, conforme noticiaram as agências de notícias no começo desta semana.

Analisando a questão, o economista alagoano Elias Fragoso comentou que “o lado dos bancos se resolve em breve. A Novonor fica com algo em torno de 5%, a dívida será transformada num fundo gerido por alguma instituição de mercado, que indica os diretores, quase que nos moldes de uma Corporation. E aí a dívida em Alagoas [com o poder público e com as vítimas da mineração] ficará bem mais difícil de ser negociada. As ações se pulverizam no mercado”.

Segundo reportagem do Valor Econômico, de 3 de dezembro, os bancos credores da Novonor, que têm em garantia ações da Braskem, estão finalmente muito perto de um desfecho para a longa novela em torno da companhia.

“Depois de um consenso de que o melhor formato é converter a dívida da Novonor em ações da petroquímica e colocá-la num fundo de gestão independente, os próximos passos incluem estabelecer um preço para a troca, entre a cotação em tela e o considerado valor justo, definir um período de lock-up para as instituições fazerem uma venda organizada a mercado e refazer o acordo de acionistas com a Petrobras”.

A reportagem diz ainda que a Novonor deve ficar com uma participação minoritária, em torno de 5% a 6% – um ponto que causava incômodo a alguns dos credores, mas que hoje também está praticamente pacificado para destravar o processo. Assim, a Novonor também manteria uma fonte de dividendos para quitar suas outras obrigações.

“Colocar as ações em um fundo independente já seria inclusive uma forma de se distanciar da futura sócia. Segundo uma fonte próxima ao tema, um veículo independente ajuda a gerir uma questão de imagem e reputação na troca da dívida por equity ainda com a antiga Odebrecht no capital da empresa”, acrescenta a reportagem.

“Isso já foi feito antes, numa situação semelhante. Bradesco e Banco do Brasil converteram a dívida na então CAB Ambiental, que pertencia ao Grupo Galvão, à época envolvido na Lava-Jato, e colocaram os papéis num fundo gerido pela IG4”, completa.

A Petrobras – explica a matéria – “que não pretende exercer seu direito de preferência nos papéis da Novonor, já teria sinalizado aos bancos seu conforto com o modelo proposto. Mas a amarração do acordo de acionistas ainda não começou”, disse a fonte à repórter Maria Luíza Filgueiras, da redação do  jornal Valor Econômico, em São Paulo.

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