A pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio AL, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revela que, em fevereiro, o Índice de Consumo das Famílias (ICF) apresentou um aumento marginal de apenas 0,2% em comparação ao mês anterior. Apesar desse leve crescimento, o consumo segue retraído, refletindo a cautela dos consumidores. Além disso, a percepção dos maceioenses em relação à renda atual registrou uma variação negativa de -13,9% no comparativo anual.

Esse desempenho negativo indica que os salários não estão acompanhando o aumento do custo de vida. A pressão exercida pelos juros sobre o crédito e os preços ao consumidor final, aliada à inflação dos alimentos, tem impactado diretamente a capacidade de compra das famílias. Outro fator que contribui para esse cenário é o vazamento de renda por meio das apostas on-line, que têm levado muitos consumidores a reavaliar seus hábitos financeiros.

De acordo com o assessor econômico do Instituto Fecomércio, Francisco Rosário, esses fatores têm resultado em uma percepção de perda de poder aquisitivo e em um comportamento mais cauteloso por parte dos consumidores de Maceió. Embora ainda haja crescimento na propensão ao consumo, ele ocorre com menor intensidade, pois as famílias estão mais atentas aos seus gastos e priorizando necessidades essenciais diante da instabilidade econômica.

Projeção mais positiva para os próximos meses

Na decomposição do ICF, a variação mensal apresentou desempenho negativo nos subíndices Emprego Atual (-1,2%), Renda Atual (-3,2%) e Perspectiva Profissional (-2,9%), mantendo-se positivo nos subíndices Acesso ao Crédito (1,9%), Nível de Consumo Atual (1,1%), Perspectiva de Consumo (3,1%) e Momento para Duráveis (6,5%).

No geral, apesar de fevereiro ter apresentando um desempenho tímido para o consumo, como o subindicador de consumo atual marcou 92,2 pontos e variou positivamente no mês (1,1%) e no ano (9,8%), isto sinaliza melhora na percepção das famílias. Some-se a isso o fato de que a perspectiva de consumo também variou positivamente no mês (3,1%) e no ano (20,1%), o cenário para os próximos três meses pode ser de melhora significativa nas compras.

Consumo foi maior nas famílias de renda mais baixa

Na comparação mensal, o consumo das famílias cresceu 0,18%, no total. No recorte por renda, as famílias que ganham até 10 salários-mínimos (sm) apresentaram aumento de 0,36% no consumo, enquanto nas com renda acima de 10 sm houve queda de -1,31% no indicador.  “Essa recuperação gradual da faixa de renda mais baixa sugere uma adaptação às novas condições econômicas, enquanto a contração observada na faixa de renda mais alta indica que o crédito mais caro, as contas de início de ano e o endividamento estão pesando para as famílias de maior renda”, analisa o economista.

O Nível de Consumo Atual e a Perspectiva de Consumo cresceram 1,10% e 3,10%, respectivamente. A intenção de consumo está maior nas famílias de menor renda (3,14%) e, apesar do crescimento de 2,89% deste indicador nas famílias de maior renda, essa faixa dá sinais de diminuição da disposição para as compras. Esse movimento reflete outro dado trazido pela pesquisa do Instituto Fecomércio: a tomada de crédito foi maior entre os núcleos com renda de até 10 sm, subindo 2,19% neste acesso, enquanto este indicador permaneceu estável entre os núcleos com renda superior a 10 sm; reflexo da política econômica adotada pelo Banco Central do Brasil ao retomar o ciclo de altas dos juros básicos.

Investir em promoções e em e-commerce pode fazer a diferença

Para que os empresários, principalmente os pequenos varejistas, possam passar pelo primeiro semestre de 2025 com um pouco mais de segurança frente à atual conjuntura econômica e à redução do consumo das famílias, o assessor econômico aconselha a adoção de algumas estratégias. “Investir em promoções e descontos atrativos; diversificar os canais de venda, incluindo a ampliação da presença online e o uso de plataformas de e-commerce, alcançando um público mais amplo e facilitando o acesso aos produtos; e fidelizar os clientes com programas de recompensas e atendimento personalizado irão ajudar as empresas neste cenário econômico desafiador”, avalia.

*Com informações da Fecomércio

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