A coordenadora do curso de Pedagogia em Educação Escolar Quilombola da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Adriana Rocely Viana da Rocha, divulgou na última sexta-feira (10) uma carta aberta à comunidade acadêmica e à sociedade alagoana denunciando perseguição e hostilidade no exercício de suas funções no Campus V, em União dos Palmares.

Segundo o documento, o ambiente de trabalho tem sido marcado, desde setembro, por ataques pessoais, denúncias anônimas sem provas e tentativas de desestabilizar a gestão do curso, que atende atualmente 180 estudantes em três polos (União dos Palmares, Arapiraca e Santana do Mundaú). Adriana afirma que tais práticas têm comprometido sua saúde, gerado crises de ansiedade e criado um clima de intimidação que ameaça a permanência de estudantes quilombolas na universidade.

A coordenadora relata que, em 4 de outubro, foi alvo de acusações durante uma reunião pedagógica, em um episódio que classificou como violência simbólica. Nos dias 8 e 9, denúncias anônimas foram registradas na Ouvidoria da Uneal contra ela e outro docente do Parfor, o que, segundo Adriana, deturpa a finalidade do canal institucional e corrói a confiança acadêmica.

Apesar das dificuldades, a professora reafirma seu compromisso com a educação pública e antirracista. Ela destaca que o curso de Pedagogia em Educação Escolar Quilombola recebeu nota máxima em avaliação e que há demanda de cerca de 500 quilombolas interessados em ingressar no ensino superior. Além disso, menciona a construção de parcerias para a oferta de cursos de Agroecologia em colaboração com o Ifal/Murici.

Na carta, Adriana questiona “a quem interessa esse desgaste” e aponta que a desestabilização da coordenação favorece projetos contrários à inclusão e à justiça racial. Ela solicita que a Uneal adote medidas para garantir um ambiente de trabalho seguro, estabeleça critérios mínimos para admissibilidade de denúncias, ofereça apoio psicossocial à coordenação e promova ações formativas em educação antirracista.

Por fim, a coordenadora convoca a comunidade acadêmica, lideranças quilombolas e entidades representativas a se manterem mobilizadas contra práticas de assédio e perseguição. “Não abrirei mão da missão que me foi confiada: garantir uma formação docente que reconheça, valorize e proteja os saberes, as culturas e os direitos das comunidades quilombolas”, afirma.

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