“Eloísio deixou um exemplo de cidadania e civismo para a posteridade, e a população de Arapiraca/AL vai lembrar sempre, com saudade, do ex-combatente desfilando á frente do seu grupo de escoteiros, no evento em comemoração da Emancipação Política de Arapiraca no dia 30 de outubro”. Edler Ribeiro
Uma figura humana que merece o devido registro num livro como Arapiraca Através do Tempo, sem sombra de dúvida, o homem que é o ex-combatente da 2ª Guerra Mundial, Eloízio Ribeiro de Magalhães. Ramo ascendente das famílias raízes de Arapiraca/AL, nasceu em 23 de janeiro de 1923, filho do comerciante, tabelião e ex-prefeito da Cidade por duas gestões, João Ribeiro Lima e Elvira Ribeiro de Magalhães, estudou as primeiras letras com o “Profº Minguinho” e a “Profª Chiquinha Macedo”, todavia, como o menino mostrava-se um pouco rebelde, como medida disciplinar, seu pai o internou na Escola Agro-Técnica Floriano Peixoto, dirigida pelo austero Dr. José Tupinambá do Monte, onde recebeu as primeiras noções de cidadania e escotismo, permanecendo em Satuba/AL até 1939.
Em 1940, deixou Arapiraca e viajou para o Rio de Janeiro/RJ, onde no ano seguinte ingressou nas fileiras do Exército Brasileiro. Em 1942, servia no primeiro Regimento de Infantaria Anti-Áerea e, após um atrito com o instrutor, sargento Edson, como medida disciplinar, foi transferido para Cabo Frio/RJ, onde permaneceu por cinco meses. De volta ao regimento de origem, mais aiante, em 1944, apresenta-se ao capitão Widman para servir como voluntário na 2ª Guerra Mundial, deflagrada na Europa, tendo o oficial superior recusado a sua proposta, porém, observando a sua coragem, o seu espírito patriótico, resolveu atendê-lo e autorizou o voluntário a se apresentar na enfermaria do Regimento, para se submeter a uma série de exames, tomar as vacinas de praxe e juntar-se a tropa para treinamento no Campo do Gericinol. Após os 90 dias de treinamento, o soldado Eloísio Ribeiro foi integrado ao 11º Regimento de Infantaria e a tropa composta por 10.000 homens, tomou o trem que a conduziu ao Porto de Mauá e, logo após embarcando em vários navios, sob o comando do general Mascarenhas de Morais.
Superlotado, o General Mage, onde Eloísio embarcou, cortou o Oceano Atlântico durante 14 dias e 14 noites, desembarcando a Força Aérea Brasileira no Porto de Nápoles, no dia 5 de maio de 1944, onde já aguardava uma frota de 11 barcaças, para transportar a tropa até a cidade de Livorno que, em seguida acamparia em Pisa, para um treinamento de 15 dias e, logo após seguir para o front, onde travaria os primeiros combates contra as forças alemães.As primeiras ações da FEB (Força Aérea Brasileira) foram as tomadas de Massaroa, Monte Caine e Le Pive e os combates de Liano e Belvedere. Logo após, La Serra e o célebre combate – a tomada de Monte Castelo. Seguindo-se as ocupações de Caselina, Castel Novo de Gafanhana. Outro combate pesado – Montese, Castel Novo de Soprassasso, Torre de Nerone, Modena, Fornovo de Taro, e Colequio a batalha da vitória das Forças Aliadas muito embora Eloísio Ribeiro ainda continuasse os combates até Alexandria e Lago do Como, seguindo-se a rendição do exército alemão e a assinatura do Tratado da Paz, no dia 8 de maio de 1945.Os combatentes da FEB, destacaram-se pela bravura ao derrotarem os alemães da Divisão 148 “PANZER”, famosa participação nos combates da África.
Terminada a II Guerra Mundial, o presidente de Portugal, Oliveira Salazar, convidou o 11º Regimento da Infantaria para o desfile da vitória, na avenida da Liberdade e os 1500 pracinhas da FEB, foram delirantemente aplaudidos como heróis pela multidão portuguesa. No dia seguinte, as tropas brasileiras embarcaram no navio Duque de Caxias e, de volta ao Brasil, desembarcaram no Rio de Janeiro. Desfilaram como HERÓIS DA PÁTRIA, na Av. Rio Branco, onde foram ovacionados pla multidão emocionada. O nosso ex-combatente Eloísio Ribeiro foi condecorado com a Medalha de Guerra, Cruz de Combate 2ª Classe e Medalha da Campanha da Itália.
Ao voltar da II Guerra Mundial, com a glória de ex-combatente, Eloísio Ribeiro se estabeleceu em sua terra natal, Arapiraca, e casado com Floracy Umbelina da Silva Ribeiro, de cujo enlace nasceu Ymma Suzy Lúcio Ribeiro, não ficou ocioso, passou a pesquisar as nossas matas nativas, recursos minerais, principalmente as nossas árvores em vias de extinção e os mais variados tipos de orquídeas, não só do município, mas de todo o Agreste, instalando, inclusive, um orquidário em sua residência.
Lembro-me, que na década de 1950 a 60, ele costumava convidar familiares e amigos para comemorar o desabrochar de uma orquídea e, com a sala perfumada pela flor, ouvia-se músicas previamente selecionadas até a meia noite, com bons vinhos para os visitantes, não faltando Leônio Fausto no evento.
Além de desenvolver um excelente trabalho em favor da Ecologia, Eloísio, ainda planta a árvore Arapiraca nas praças públicas, nas escolas e nos clubes sociais, com o objetivo de preservar e mostrar para a juventude arapiraquense o que ainda resta de nossas árvores nativas.
Um importante serviço á comunidade foi a criação do Bandeirantismo, em 1969, preparando adolescentes para a vida em contato com a natureza. No ano seguinte, instalada em Arapiraca o primeiro Grupo de Escoteiros que desenvolveu um importante serviço em prol da juventude de nossa cidade e, apesar da idade, ainda comanda os Escoteiros em longas caminhadas escalando a Serra da Mangabeira e outros pontos do município.
Atualmente, o ex-pracinha da FEB, ocupa o posto de 1º Tenente da Reserva do Exército e, continua influindo positivamente na formação de diversas gerações no que diz respeito a verdadeira cidadania, no que Eloízio Ribeiro constitui um exemplo que deve servir como espelho para os jovens arapiraquenses.
Fonte: livro “Arapiraca Através do Tempo”