Uma exposição itinerante sobre o processo de verticalização urbana nas capitais do Nordeste está aberta à visitação pública no Centro Universitário Cesmac até a próxima quarta-feira (18). Antes passou pelo Bloco da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), no Campus A.C. Simões, em Maceió. O projeto foi idealizado e é coordenado pelo professor Alexandre Toledo e tem a participação do Grupo de Estudos de Projetos de Arquitetura (Gepa), que nasceu em 2006 e é 100% aprovado pelo CNPQ.

A mostra apresenta vários banners que evidenciam os resultados de oito anos de estudos sobre edifícios verticais em Maceió, promovendo comparações com outras capitais nordestinas, destacando as transformações urbanas ocorridas nos últimos anos nas construções.

“A pesquisa tem uma componente histórica. Então, nessa componente histórica, nós situamos ou localizamos os principais e os primeiros edifícios verticais altos do centro de Maceió. Isso inclui os edifícios que foram sedes de banco (como o primeiro prédio totalmente vertical da cidade, o Banco Econômico), e inclui os comerciais e os hotéis. Fora disso, a gente mapeia os residenciais. No centro são poucos, então a gente tem mais ali na orla da Praia da Avenida”, explica o idealizador da Mostra, Alexandre Toledo.

“Então, a pesquisa levantou esses de Maceió, como também levantou os edifícios das centrais verticais das outras capitais do Nordeste. porque foi um processo generalizado. Todas as capitais começaram a verticalização pelas áreas centrais e também com edifícios de hotéis ou edifícios comerciais e alguns de uso misto, com galeria comercial embaixo e salas comerciais em cima”, completa Alexandre.

A ideia da verticalização é também contribuir com o novo Plano Diretor, sobretudo no estudo de adensamento construtivo, para estabelecer diretrizes. O Plano está na segunda revisão obrigatória e é um motivador para o estudo que foi feito.

Há meses, os vereadores vêm demonstrando preocupação com o tema, já que com o Plano Diretor sem atualizações desde 2005, o Ministério Público Estadual (MP/AL) recomendou a suspensão das licenças ambientais, algumas obras do litoral norte já estão paradas, como a Tribuna já mostrou em outras reportagens.

A Tribuna teve a informação que em meados de julho houve uma reunião entre o diretor-presidente do Instituto de Planejamento de Maceió (Iplan), Antônio Carvalho, e alguns vereadores. Ele fez uma apresentação breve do que vai ser o novo Plano Diretor. O presidente ficou de mandar para a Câmara até o final do primeiro semestre, ou seja, até o final de julho. Porém, a chegada do novo Plano Diretor ainda não tem previsão.

EDIFÍCIOS DE USO MISTO SERIAM

SOLUÇÃO PARA ADENSAMENTO

“Atualmente, o que a gente pode se debruçar é que como a prefeitura quer estabelecer parâmetros para densificar, povoar mais o centro. Ou seja, retornar à construção de edifícios verticais altos, mas agora de uso misto, porque as conclusões que se chegam é que o abandono noturno do centro se dá porque as pessoas não moram mais no centro. O centro de Maceió não tem muitos atrativos noturnos com o fechamento dos cinemas que existiam, como o São Luís, por exemplo, que existia ali e movimentava ainda uma parte da noite com algumas padarias que funcionavam até oito horas da noite”, destaca Toledo.

“Então depois das seis, é até curioso, porque eu estive no centro um mês passado e algumas lojas começam a fechar às cinco da tarde, por medo da saída dos funcionários até os pontos de ônibus. Receio de assalto, sobretudo. Então, a vitalidade das áreas centrais, sobretudo em cidades europeias, muito se dá porque pessoas ainda moram no centro. Aqui em Maceió é mais comum a moradia na borda do centro, por exemplo, ali perto do Salgadinho, ainda tem residências e alguns prédios baixos, como aqueles perto do atual Ifal, aquele condomínio que tem os nomes dos estados. Pelo outro lado, mais perto do Prado, também ainda tem algumas habitações, mas antigamente era comum a tipologia de ser loja embaixo e a residência do dono da loja em cima”, afirmou Alexandre Toledo.

“Então tinha mais vitalidade porque à noite algumas pessoas ainda circulavam. E quando pessoas moram no centro termina também puxando alguns serviços como mercadinhos, supermercados, padarias, até escolas para os filhos. Então, hoje a prefeitura tem essa intenção de reabitar o centro, inclusive ela usa esse termo, incentivando a construção de edifícios de uso misto. Isso aí também tem sido uma tendência em outras cidades”, completa Toledo.

PREMIAÇÃO COM

PRÉDIO DO INSS

DEPREDADO

Alexandre Toledo revela ainda à Tribuna uma contribuição de um dos alunos do Curso de Arquitetura para um dos prédios do centro comercial da cidade. “Inclusive, orientei um trabalho de conclusão de curso em arquitetura que propunha transformar o antigo edifício do INSS, que está abandonado e depredado, em um edifício de uso misto, embaixo lojas e todos os pavimentos para abrigar apartamentos, apartamentos de um quarto ou de dois quartos. Esse projeto recebeu o prêmio da Zélia Maia Nobre, que é oferecido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Alagoas para os trabalhos de conclusão de curso em arquitetura que alcançam os melhores resultados”, disse.

Prédio do INSS, no Centro de Maceió, tem proposta para se transformar em uso misto (Foto: Adailson Calheiros)

“Foi um trabalho bem interessante, muito elogiado pelo júri desse concurso por estar nessa linha, nesse segmento de reabitar o centro. Ali, às vezes, tem problemas também por questões de carro, que não tem onde estacionar os veículos. Então, para uma população que tem maior poder aquisitivo, se torna um pouco inviável reaproveitar esses edifícios antigos, porque eles não têm vagas de estacionamento. Teria que construir ou comprar um terreno vizinho para fazer edifício-garagem. Esse, no caso do INSS, não teria garagem no subsolo, seria só para rotativa, para embarque-desembarque e para serviços especiais. E também essa proposta do estudante para reconversão do edifício do INSS, ele previa adequação às normas dos bombeiros, ou seja, a escada isolada com porta-corta-fogo e sinalização de rotas de fuga”, conclui Alexandre Toledo.

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