O Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore (MTB), encontra-se parcialmente aberto para visitação e exposições, funcionando de terça à sexta-feira, das 9h às 17h. Mesmo com parte de suas instalações em processo de reforma e reestruturação temporária, é possível fazer visitações e agendamento com grupos a partir de 15 pessoas ou de maneira individual. Deve ser feito agendamento prévio por e-mail museutheobrandao@gmail.com ou pelo telefone (82) 3214-171, informando o nome do guia do grupo ou visitante, assim como a data e horário que pretende fazer a visitação, e vale ressaltar que estão sujeitos à disponibilidade do espaço.

Um dos principais equipamentos culturais da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o Museu Théo Brandão (MTB) guarda um patrimônio de grande relevância, composto por um acervo diversificado que reúne peças tridimensionais, documentais, sonoras e bibliográficas. Entre as obras em destaque, encontram-se produções de grandes nomes da arte popular nordestina, como Vitalino Pereira dos Santos, o Mestre Vitalino – ceramista reconhecido como um dos maiores expoentes da arte do barro no Brasil.

O acervo preserva ainda esculturas em madeira de artesãos da Ilha do Ferro, a exemplo de Valmir e Vieira, cujas criações traduzem a tradição e a inventividade do povo ribeirinho do São Francisco. Também merece menção o trabalho de Júlio Rufino, conhecido por suas moringas de barro com feições humanas, que conferem expressão e identidade à cerâmica popular, com destaques para as obras do reconhecido artista Véio.

No Museu também é possível encontrar indumentárias de folguedos natalinos, adornadas com coroas e adereços; brinquedos populares confeccionados em diferentes materiais; objetos de fibra vegetal, como caçuás, cestas, abanos e chapéus; peças de cerâmica utilitária produzidas por algumas comunidades indígenas, como exemplo Cariri Xocó, Pajé Celestino, naturais de Alagoas; manifestações afro-brasileiras; além de rendas e bordados tradicionais, como o filé, labirinto, renda de bilros, boa-noite, singeleza e rendendê. Outro destaque são os ex-votos, objetos oferecidos a divindades ou santos em agradecimento por graças alcançadas, assim como inúmeros elementos ligados ao catolicismo popular.

Além das diversas obras citadas, há peças com reconhecimento internacional como as cadeiras produzidas pelo Mestre Fernando Rodrigues – artesão da Ilha do Ferro em Alagoas que ganhou destaque por suas cadeiras únicas com design exclusivo. Entre as criações mais notáveis está a “Cadeira Wishbone” (Wishbone Chair) e a cadeira de três pés e encosto alto que foi premiada em 2001, participou da emblemática mostra Brésil, Arts Populaires, realizada no Grand Palais, em Paris, que celebrou a arte popular brasileira.

Valor arquitetônico

Além de sua vasta riqueza de obras, o Museu possui um valor arquitetônico singular e se destaca por preservar a cultura popular alagoana, valorizando a identidade do estado e contribuindo para a educação e a extensão universitária. Por ser um dos principais espaços dedicados à cultura popular alagoana e por abrigar um rico acervo de objetos, fotografias, documentos, artesanato, vestimentas e instrumentos musicais que representam manifestações culturais — como Bumba-meu-boi, Guerreiro, Reisado, Pastoril, Maracatu e artesanato popular —, o Museu Théo Brandão configura-se como um local privilegiado para pesquisas antropológicas, históricas e culturais.

Função acadêmica e ponto turístico

O MTB além de apoiar o ensino universitário e atividades de extensão, constitui-se em uma importante referência para professores, pesquisadores e estudantes interessados na valorização da memória e identidade da população alagoana. Também é reconhecido como ponto turístico de Alagoas, oferecendo exposições, palestras, eventos gastronômicos e atividades culturais que fortalecem a integração entre a Universidade e a sociedade.

Para a professora, museóloga e diretora do MTB, Hildênia de Oliveira, falar do Museu Théo Brandão é algo de muito orgulho e alegria e, que apesar das dificuldades enfrentadas no momento, é um ambiente rico e expansivo, uma fonte de conhecimento.“O Museu, eu poderia comparar com um mergulho no oceano, um local de acolhimento, fluição da arte, que integra a educação em sua amplitude, além de ser um espaço que preserva a cultura do estado, é uma ponte entre a Universidade e sociedade, consequentemente, uma janela da Ufal para o mundo.

Hildênia revela ainda que o MTB é um espaço de conhecimento condensado, com diversas linguagens, desde estudos da fotografia, sonoro à acervo bibliográfico e documental, uma fonte inesgotável para as produções acadêmicas. “Eu sou a defensora que o Museu é um espaço voltado para tudo, mesmo que ele seja voltado à antropologia e folclore: o esporte, a dança, a música, a culinária, a política, a religião (sem distinção), é um local que está sempre de portas abertas à sociedade, à Universidade e ao mundo, ofertando a extensão, o ensino e a pós-graduação.

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