A Mineradora Vale Verde, que esta semana mudou de dono, ao ser vendida ao grupo chinês Baiyin Nonferrous por 420 milhões de dólares, cerca de R$ 2,352 milhões, esclareceu ontem, em contato coma reportagem da Tribuna Independente, que a empresa produziu, de 2021 para cá, cerca de 310 mil toneladas secas de minério de cobre, na Mina Serrote, localizada no município de Craíbas, no Agreste de Alagoas. A informação foi divulgada pela assessoria de comunicação da MVV, para desfazer um mal-entendido quanto a produção de minério de cobre exportado pelo Porto de Maceió, nos últimos quatro anos.

“Entre 2021 e março de 2025, foram exportadas cerca de 310 mil toneladas do minério (concentrado de cobre) em 30 embarques para Ásia e Europa”, informou a assessoria de comunicação da MVV. “Essas acima são as informações oficiais da empresa”, acrescentou o assessor de imprensa, esclarecendo que se essa produção for comprada aos dados de exportação de minério de cobre vai dar uma diferença “porque estamos nos referindo a 310 mil toneladas secas (dmt) de concentrado de cobre”.

O assessor da MVV explicou que essa diferença, em torno de 10 mil toneladas, acontece porque há uma pesagem feita com ela “molhada”, onde a unidade de medida seria wmt; e uma pesagem em toneladas secas (dmt) de concentrado de cobre, que a pesagem do Porto. “Então talvez seja essa a diferença com os dados do Porto. Apenas essa questão técnica entre dmt e wmt”, esclareceu o assessor de imprensa.

Mesmo assim, a empresa tendo produzido nos últimos quatro anos cerca de 310 mil toneladas de minério de cobre, o faturamento deve ter sido alto, com o preço do produto sendo cotado a 9.500 dólares a toneladas. Por isso, perguntamos: Qual o faturamento da MVV nos últimos quatro anos? Ou então, qual o faturamento da mineradora em 2024, levando em consideração o preço da tonelada de minério de cobre a 9.500 dólares?

“Por questões estratégicas, a empresa não comenta sobre esse assunto, devido ao zelo junto aos acionistas, até por conta do momento de transação recente”, respondeu o assessor.

No entanto, o faturamento da MVV deve ser alto, levando em consideração a sua produção de 310 mil toneladas de minério de cobre, nos últimos quatro anos. O que representa uma produção média anual de 77,5 toneladas. Com o preço do minério de cobre custando, em média, 9.500 dólares a tonelada, de acordo com a cotação da Bolsa de Mercadorias & Futuros, o faturamento bruto da MVV, por ano, ficaria em 736,250 milhões de dólares, algo em torno de R$ 4,1 bilhões, calculando o dólar a R$ 5,60.

MUDANÇA DE DONO

Esta semana, a MVV mudou de dono, deixou de pertencer ao grupo britânico, que havia adquirido a empresa de um grupo canadense, e passou a pertencer a um grupo chinês. Ou seja, de 2018 para cá, a mineradora já mudou três vezes de dono.

No entanto, até agora nada de novo foi apresentado pelo grupo chinês que comprou a MVV por 420 milhões de dólares. A transação foi anunciada na última quarta-feira e confirmada pela empresa no mesmo dia. Em Alagoas, a MVV responde por 28,2% do total das exportações do Estado, segundo dados da sua assessoria de comunicação.

Venda foi anunciada como um “negócio da China”

Com relação à venda da MVV para o grupo chinês, a assessoria de comunicação da mineradora divulgou que o grupo britânico Appian “entregou uma operação de mineração a céu aberto de cobre e ouro de médio porte de alta performance, a partir de um ativo greenfield”.
O termo “ativo greenfield” é aplicado quando o produto do projeto é realizado a partir do zero, em situações em que não se conta com instalações e facilidades pré-existentes que possam ser incorporadas ao produto do projeto. Geralmente refere-se a novos empreendimentos. A origem do termo remete à implantação física em lugares em que só havia anteriormente mato (green). Em alguns tipos de projeto este termo está também associado a from scratch (do princípio), para reforçar a inexistência de trabalhos anteriores.

Sobre a estrutura da MVV, a assessoria divulgou que “em apenas três anos após o investimento inicial o Grupo britânico implantou e deu início às operações em Alagoas, com atualmente mais de 1.050 empregados na região.

“Além de alto desempenho financeiro, a MVV segue com histórico exemplar de segurança, de zero incidentes com afastamento (“LTI”) nos últimos três anos”, acrescentou a assessoria, mas sem poder revelar o faturamento médio da mineradora.

Quanta à vida útil da operação da Mina Serrote, localizada na zona rural de Craíbas, a assessoria da empresa informou que “a MVV continuará a fornecer cobre por décadas, com operações eficientes que posicionam a mina Serrote de forma competitiva na curva de custo da indústria”.

A venda da MVV para grupo chinês, no valor de US$420 milhões, figura como a 13ª transação do grupo britânico. “Isso demonstra a eficácia de seu modelo operacional em identificar, adquirir e otimizar projetos de mineração subvalorizados utilizando arbitragem técnica para gerar valor significativo para seus investidores”, destacou a assessoria da mineradora.

“Esta transação reforça a capacidade da Appian de identificar ativos promissores muitas vezes subvalorizados e aplicar nossa expertise técnica interna para potencializá-los e otimizar seu valor para nossos investidores. Ela destaca o posicionamento estratégico do portfólio da Appian, que visa atender à crescente demanda por um fornecimento seguro e confiável de minerais críticos de alta qualidade” afirmou Michael W. Scherb, fundador e CEO da Appian.

A assessoria da MVV disse ainda que “o modelo de negócios aplicado pela Appian em todas as suas operações é sustentado por uma equipe multidisciplinar de ponta, composta por geólogos, engenheiros, metalurgistas e profissionais de finanças, focados na criação de valor em todos os aspectos do portfólio do grupo”, acrescentou.

DETALHES DA TRANSAÇÃO

De acordo com a assessoria da MVV, a venda da Mina Serrote, no valor de US$ 420 milhões, abrange 100% do capital da mineradora, controlado pelos fundos da Appian, e foi acordado em uma base livre de caixa e de dívidas.

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