O Setembro Amarelo é uma iniciativa internacional que foi trazida para o Brasil em 2014, em uma parceria entre a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), com o propósito de conscientizar a sociedade sobre a prevenção do suicídio. A campanha, que se intensifica neste mês devido ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio em 10 de setembro, é um lembrete da importância do cuidado com a saúde mental.
Entretanto, é fundamental difundir que essa é uma temática que deve ser explorada o ano inteiro, para que a mensagem de prevenção seja verdadeiramente eficaz. Um dos caminhos mais promissores para isso é a integração da educação socioemocional nas escolas e na sociedade.
A psicóloga e Coordenadora de Metodologia da HUG Education, Daniela Sales, ressalta que a campanha é uma importante ferramenta para difundir a empatia e um olhar mais atento para as relações humanas. “A gente vai entendendo que a educação socioemocional e a campanha do setembro amarelo, através das propostas socioemocionais que já são previstas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), atuam como uma medida preventiva para que a gente não chegue nesses índices tão alarmantes de adoecimento mental. Por isso a gente busca trazer uma promoção de vida e bem estar para essas pessoas”, pontua.
A educação socioemocional se refere ao desenvolvimento de habilidades que ajudam indivíduos a gerenciar suas emoções, estabelecer metas positivas, desenvolver empatia, manter relações saudáveis e tomar decisões assertivas. Essas habilidades são distribuídas em cinco competências socioemocionais fundamentais para a prevenção de comportamentos de risco e disfuncionais.
Nesse modelo são desenvolvidas habilidades sociais, como a capacidade de se comunicar, resolver conflitos e estabelecer relações interpessoais saudáveis, fundamentais para o bem-estar emocional. Assim, ao aprender a lidar com suas emoções e a enfrentar desafios de maneira saudável, as crianças e os adolescentes se tornam também sujeitos mais resilientes.
“A proposta da educação socioemocional é conseguir, dentro das escolas, promover e desenvolver ferramentas pedagógicas para crianças e adolescentes, para que eles consigam se autogerir e se autorregular, considerando que o Brasil é o segundo país mais ansioso do mundo e o quinto com o maior índice de depressão”, salienta a psicóloga.
Programas que ensinam habilidades como autoconsciência, autorregulação, autonomia, competência social e competências de vida e bem-estar, devem ser parte do currículo escolar segundo as orientações da própria BNCC. Esses programas não apenas melhoram o ambiente escolar, tornando-o mais acolhedor e menos propenso a casos de bullying, como também preparam os jovens para lidarem com as complexidades da vida adulta.
“A educação socioemocional é aplicada através de uma metodologia pedagógica, onde os estudantes envolvidos têm aulas semanais, com desenvolvimento dessas competências que vão desde a consciência emocional até a capacidade de se autorregular e de desenvolver empatia e resiliência. O professor tem todo o material da educação socioemocional para dar suporte a esse desenvolvimento do estudante. É uma proposta pedagógica que atua como medida preventiva em saúde emocional e social”, destaca a coordenadora de metodologia.
Daniela Sales também aponta para o alto índice de ansiedade, principalmente na faixa etária que vai dos 15 até os 29 anos. Período em que há novas tendências e cobranças tanto dentro do ensino médio, como também da escolha da profissão e estabelecimento de metas de curto e longo prazo. “A proposta da educação socioemocional de trabalhar a autogestão e autoconsciência é de fazer com que esse jovem consiga lidar com essa ansiedade através da regulação emocional, consiga fazer projetos de vida e estabelecer metas a curto, médio e longo prazo. Isso também é uma medida de prevenção para o trabalho de ansiedade e outros sintomas de vulnerabilidade socioemocional”, conta.
Com dados tanto do aumento do índice de ansiedade, como também dos jovens que já foram vítimas de bullying na escola, um dos objetivos da educação socioemocional também engloba melhorar o ambiente escolar, tornando ele mais acolhedor e menos propenso a esses casos, ajudando os jovens a lidar com as frustrações, com os desafios e com as angústias que envolvem a vida adulta e o espaço escolar e social de convivência.
Além disso, a indagação da necessidade de matérias como essa que não eram trabalhadas em tempos mais remotos, geram debates que não fomentam a valorização da saúde mental e desenvolvimento de jovens, que um dia serão os adultos de amanhã.
“Antes não tínhamos esse espaço de dialogar sobre as nossas vulnerabilidades. Hoje, com essa juventude e o acesso as informações, é possível identificar coisas que a gente não conseguia antes. Nós da Hug Education temos ferramentas pedagógicas que conseguem atuar em questões sociais e emocionais para que esse aluno consiga gerir esse tanto de informação que chega, sobretudo as que falem de saúde mental, porque terminam gerando mais ansiedade do que contribuindo para o gerenciamento dela. Hoje isso já é regulamentado pela própria BNCC, mas muito mais que a regulamentação, a gente precisa pensar na sensibilidade e no acesso desses programas nas escolas”, afirma a psicóloga.