A estrutura do emissário submarino de Maceió, inaugurada na década de 1980 para dispor os efluentes da cidade no oceano, enfrenta uma grave deterioração.  Segundo biólogos que visitaram o local, as vigas e colunas que sustentam o sistema estão em estado crítico, com partes expostas e severamente corroídas, elevando o risco de rompimento e vazamentos. Esse quadro ameaça a biodiversidade marinha, a saúde pública e as praias da região.

De acordo com a bióloga Neirevane Nunes, que esteve no local ao lado do também biólogo Marcos Bonfim, o processo de degradação da estrutura, já apontado em denúncias feitas dois anos atrás, continua a se agravar sem que qualquer medida concreta de manutenção tenha sido adotada. “A falta de fiscalização por parte da Prefeitura de Maceió e a ausência de ações corretivas por parte da BRK Ambiental são alarmantes”, afirma Nunes.

Em novembro de 2022, uma denúncia veiculada pela TV Pajuçara trouxe à tona a precariedade das estruturas do emissário. Na ocasião, Marcelo Daniel de Barros, especialista do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Alagoas (IBAPE/AL), alertou sobre os riscos iminentes de um colapso estrutural. O engenheiro Igor Balbino, representante do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (CREA/AL), reforçou que cabe à Prefeitura de Maceió fiscalizar o emissário, mesmo sendo operado pela BRK Ambiental.


Além das preocupações com a integridade física da estrutura, moradores da região já relataram ao Instituto do Meio Ambiente (IMA) o aparecimento de manchas suspeitas no mar, sugerindo vazamentos de efluentes. Essas manchas são indicativos de que o sistema pode estar comprometido e que os dejetos estão sendo lançados no oceano de maneira inadequada.

Renasce Salgadinho e o risco iminente


A situação se torna ainda mais preocupante diante da decisão da Prefeitura de Maceió de interligar o Projeto Renasce Salgadinho ao emissário submarino. O projeto visa melhorar a drenagem do riacho Salgadinho, mas especialistas, como Neirevane Nunes, consideram essa conexão com o emissário uma ação irresponsável. “A sobrecarga da estrutura já comprometida pode acelerar os processos de corrosão e aumentar o risco de desastres ambientais, com a possibilidade de rompimentos e vazamentos em maior escala”, alerta Nunes.

BRK x Município

A empresa responsável pelo saneamento básico na capital alagoana está em rota de colisão com a gestão do executivo municipal, sendo peça para crítica, inclusive, no horário eleitoral do prefeito de Maceió, JHC (PL). 

Em setembro de 2023, a Prefeitura chegou a probir obras da BRK em Maceió, cobrando o pagamento de uma dívida de R$ 8 milhões a partir de multas emitidas por órgãos municipais fiscalizadores.

Em resposta, a empresa assegurou que a medida adotada pelo Município não vai impactar as atividades emergenciais e nem os serviços prestados na capital alagoana. A concessionária esclareceu que não realiza obras de expansão que necessitem da expedição de autorizações no âmbito de competência da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e que os reparos nas vias públicas, apontados pela prefeitura como de má qualidade, são emergenciais e para garantir o funcionamento dos sistemas de água e esgoto operados pela empresa.

 

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