Janeiro nem terminou e já registrou pelo menos quatro acidentes de trabalho de grande vulto, dois deles com vítimas fatais. Foram a óbito, em pleno exercício da função laboral, um trabalhador em uma obra de recapeamento na Avenida Durval de Goés Monteiro e um trabalhador cujo trator caiu por cima dele no município de Rio Largo. Entre os acidentes com vítimas não fatais, um trabalhador, a serviço da Braskem, foi soterrado, no Mutange. Outro trabalhador foi atropelado por uma máquina empilhadeira.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil registra altos índices de acidentes de trabalho. De acordo com o Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) do Ministério da Saúde, de 2020 a 2024, Alagoas registrou 25.319 casos de acidentes de trabalho.
O cenário da segurança e saúde do trabalho no estado não é bom nos últimos anos. A afirmação é do presidente do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho de Alagoas e diretor da Fenatest – Federação Nacional dos Técnicos de Segurança do Trabalho, Harrison David Maia.
Segundo ele, são vários acidentes em diversos setores. “A informalidade é a grande vilã da questão onde não há como controlar riscos na atividade”.
Conforme sua avaliação, seja qual for a área ou setor, quando não há fiscalização por parte da própria empresa, através da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) ou através do profissional técnico de segurança e empresas de consultoria em saúde e segurança o acidente é iminente e crescente.
“O Ministério do Trabalho não tem braços para alcançar todos os postos de trabalho em decorrência do número de auditores em Alagoas. Em locais pontuais tem realizado o trabalho com maestria. Muito se avançou nos últimos anos, mas há uma distância muito grande da prevenção de acidentes”, acrescentou.
Municípios alagoanos ficam vulneráveis a ocorrências fatais
Para quem é prevencionista, completou o presidente do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho de Alagoas, ao andar pelos municípios alagoanos, seja em qual for o setor, hospitais, supermercados, lojas, indústria, usinas e construção civil, é possível ver sinais claros que podem conduzir pessoas à morte através de seus ambientes laborais sem as mínimas condições de saúde e segurança.
“Ao exercer a função de técnico de segurança, cabe-nos intervir através de ações de interdição na empresa. Muitas vezes sem esse poder, temos que nos direcionar e nos posicionarmos através de relatórios. A verdade é que muitas empresas só contratam técnicos em segurança do trabalho por serem obrigados, devido ao grau de risco da atividade. O ideal é que tivéssemos empresários que enxergassem que investir em saúde e segurança do trabalho é algo que traz retorno, menos problemas na Justiça e com certeza a manutenção da vida do trabalhador”, finalizou.
Acidentes sem óbito – Na semana passada, a terra tremeu, um caminhão da Braskem caiu, ferindo o motorista. O Ministério Público do Trabalho em Alagoas (MPT/AL) abriu um procedimento investigativo para apurar as causas do acidente com o motorista que fraturou o fêmur. No último dia de 2024, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado para atender uma vítima de atropelamento por uma máquina empilhadeira em um supermercado na Avenida Siqueira Campos, bairro Trapiche da Barra, em Maceió. A vítima, um senhor de 47 anos, sofreu o acidente enquanto trabalhava quando a empilhadeira passou sobre seu pé direito. Ele apresentou sinais de trauma na região, mas estava consciente e orientado no momento do atendimento.
Falta de segurança gera custos inesperados para as empresas
A falta de segurança no trabalho pode acabar gerando diversos custos não previstos para a empresa, como danos na saúde e qualidade de vida dos trabalhadores, impacto na produção e desenvolvimento de obras e muito mais. A segurança do trabalho diminui a possibilidade de multas causadas pelo não cumprimento da legislação trabalhista, além de prevenir acidentes que podem ser onerosos ao processo produtivo.
Além disso, as normas podem evitar grandes prejuízos para a empresa como multas e encargos, danos aos ativos empresariais, redução das ações judiciais e evitar paralisações na produção.
A maioria dos acidentes de trabalho podem ser evitada com a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Concebido como a lesão corporal ou perturbação funcional ocorrida no exercício das atividades laborais e a serviço da empresa, o acidente de trabalho pode causar a perda e a redução permanente ou temporária da capacidade de exercer as atividades profissionais ou até levar à morte.
Informações sobre acidentes de trabalho podem ser obtidas junto ao Centro de Referência Estadual em Saúde do Trabalhador (Cerest). O órgão atende de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, seja pelo telefone (82) 3315-2759 ou presencialmente, na sede administrativa, que funciona na rua Josefa Cavalcante Suruagy, no bairro Poço, em Maceió. Em Alagoas, o Hospital Geral do Estado é referência na assistência a vítimas de acidentes de trabalho.
CIPA – Para atuar de forma vigilante no ambiente de trabalho, a fim de evitar acidentes existe a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio (CIPA).