O empresário Olival Pedro (1938-2014) é um exemplo do ditado “quem vem morar em Arapiraca jamais esquece”. Natural de Folha Miúda de Baixo, município de Craíbas, foi seduzido pelas promessas de oportunidades em São Paulo. No entanto, mesmo conquistando alguma estabilidade financeira, a saudade da cidade que considerava sua terra natal e a ideia fixa de abrir um negócio de venda de madeiras se transformaram, ao longo de décadas, em quatro empresas que atualmente empregam um grande número de pessoas e comercializam seus produtos em vários estados.
O talento para comprar e vender foi descoberto muito cedo pelo jovem Olival Pedro, que deixou a fazenda dos pais para trabalhar na feira de Arapiraca, vendendo farinha e outros produtos.
Casou-se com Alice Nunes da Silva (1944-2009) e com ela teve dez filhos. Como era comum na época, três das crianças não chegaram a completar um ano de idade. Mas os sete que restaram — Egberto Pedro da Silva, Egmar Nunes da Silva, Egnaldo Pedro da Silva, Edjane Nunes da Silva, Marcelo Pedro da Silva, Haglay Nunes da Silva e Alan Pedro da Silva — fazem jus ao legado deixado pelos pais.
Quando a família estava ainda bem no início, Olival Pedro tinha um armarinho no centro de Arapiraca, mas a seca registrada em 1970 teve um impacto muito forte no comércio, e o empreendedor decidiu seguir com a esposa e os filhos para tentar ganhar a vida em São Paulo.
Teve pequenos negócios no Largo de Osasco e estava indo muito bem com uma barraca de frutas localizada próxima ao Hospital das Clínicas. Mesmo assim, resolveu vender tudo, voltar com a família para Arapiraca e finalmente colocar em prática a ideia de comercializar madeiras. Abriu o Depósito de Madeiras Amazônia, em sociedade com o cunhado e grande amigo José Nunes Filho. Tempos depois, Olival Pedro comprou a parte do sócio e seguiu sozinho com a loja.
Desse período, Egnaldo Pedro lembra que o pai chegava a passar quase um mês viajando sempre que precisava abastecer o estoque da loja.
“Eram tempos muito diferentes. Hoje, com um celular, a gente consegue resolver tudo, mas naquela época até telefone fixo era raro. E negócio só se fazia frente a frente e com o dinheiro na mão. Então, meu pai pegava um ônibus até São Paulo e, de lá, pegava outro até Curitiba, no Paraná. Ele levava o dinheiro em espécie e em grande quantidade dentro da maleta, junto com as coisas pessoais, e nunca foi assaltado. Quando chegava nas madeireiras, escolhia o que iria comprar, pagava à vista, esperava o caminhão ser carregado e voltava de caminhão para casa. Ele fez isso muitas e muitas vezes”, conta.
Apesar de comprar madeira à vista, na hora de vender, não tinha jeito: tinha que confiar no cliente e anotar na caderneta o pagamento parcelado, que geralmente era feito semanalmente. Numa época em que Arapiraca era muito menor e quase todo mundo se conhecia, Olival Pedro fazia negócios na base da confiança.
A Madeiras Amazônia cresceu e, com ela, o prestígio de Olival Pedro na cidade. Engajado na defesa do comércio e reconhecido como liderança no meio empresarial, foi escolhido presidente do Clube dos Fumicultores e exerceu mandato como presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), além de ser membro atuante no Movimento Focolare.
O final da década de 1980 e o início da década de 1990 foram grandes desafios para o empresário. A hiperinflação e a política econômica provocaram a falência de muitas empresas em todo o país. Para atravessar o período, em vez de dar um passo para trás como muitos fizeram, Olival Pedro abriu novas empresas: Amazomplac, Casa do Marceneiro e Amazon Portas.
“Na época da política de congelamento de preços, os fornecedores só podiam vender uma quantidade determinada de mercadorias para cada empresa. A estratégia do meu pai foi abrir novas empresas, comprar madeira em maior quantidade de uma vez e ir vendendo aos poucos”, explica Egnaldo Pedro.
O período difícil passou e Olival Pedro decidiu investir no desenvolvimento das novas empresas, que continuam sob a gestão dos seus descendentes até hoje, incluindo o Depósito de Madeiras Amazônia, que completa 50 anos de fundação em 2024. As empresas hoje, além de vender pela internet, contam com vendedores externos em boa parte do Nordeste.
“Mesmo com pouco estudo, meu pai foi um homem de visão. Não foi uma pessoa que parou no tempo, estava sempre de olho no que acontecia ao redor e atento às mudanças. Era também uma pessoa que sabia ouvir e que tinha conselhos sábios para dar. Junto com minha mãe, apoiou todos os filhos nos caminhos que decidiram trilhar, e hoje a gente tenta seguir seus passos e dar continuidade ao trabalho que ele iniciou”, reflete Egnaldo Pedro.