Adauto Santos da Rocha, graduado em História pelo Campus III da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), em Palmeira dos Índios, assumiu o cargo de professor efetivo de História e Culturas Indígenas na Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
Filho de agricultores, com quem reside na zona rural de Taquarana, município do Agreste de Alagoas. Adauto trilha uma carreira acadêmica impecável: cursou Especialização Lato Sensu em História de Alagoas no Instituto Federal de Alagoas (Ifal), Campus Maceió; é mestre em História pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG); está concluindo doutorado em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), onde defenderá uma tese sobre a intensa participação de indígenas da Província das Alagoas na Guerra do Paraguai (1864-1870).
Desde 2015, é membro do Grupo de Pesquisas em História Indígena de Alagoas (GPHIAL) da Uneal, coordenado pelo professor José Adelson Lopes Peixoto. No grupo, além de pesquisar distintos temas históricos envolvendo populações indígenas, Adauto também atua na Editora GPHIAL, destinada a potencializar a divulgação de pesquisas acadêmicas produzidas tanto por pesquisadores da Uneal, quanto de outras instituições de ensino superior.
Na Uneal, desempenha atividades docentes no Curso de Licenciatura Intercultural Indígena (CLIND), lecionando e orientando discentes de 11 dos 12 povos reconhecidos no estado; é professor da Especialização Lato Sensu em História Indígena de Alagoas, ofertada pelo GPHIAL. Foi ainda professor substituto do curso de História da Universidade de Pernambuco (UPE), Campus Garanhuns.
Pesquisador dedicado
É Pesquisador do Núcleo de Estudos da Política e História Social (NEPHS), sediado na UFRRJ. Tem se dedicado a pesquisar as participações indígenas nos processos históricos de Alagoas (séculos XIX e XX), com ênfase para militarização, protagonismo, migração e trabalho. Publicou livros, capítulos de livros e artigos em sites, periódicos e revistas especializadas. É filiado à Associação Nacional de História, seção Pernambuco (ANPUH/PE), e à Sociedade Brasileira de Estudos do Oitocentos (SEO). É membro do Grupo de Trabalho “Indígenas na História”, vinculado à ANPUH/Brasil. Atualmente, é professor efetivo de História e Culturas Indígenas na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), lotado no curso de Licenciatura em Educação Intercultural Indígena (LICEEI), Campus Jeremoabo.
Nesta entrevista, ele fala da importância da Uneal na sua vida acadêmica e o que representa esse novo momento:
Ascom Uneal – O que significa para você assumir esse cargo?
Adauto Rocha – Ter sido empossado no concurso público da UNEB representa a concretização de um sonho pessoal e coletivo, alimentado desde a graduação em História na Uneal. Além disso, acredito que a posse também servirá para inspirar outros discentes a aproveitarem as oportunidades de ensino, pesquisa e extensão fomentadas na Uneal, com o intuito de galgarem espaços em outras universidades. Gostaria de aproveitar a oportunidade para expressar agradecimentos públicos aos amigos e professores José Adelson Lopes Peixoto e Edson Silva. Sem a incessante atuação deles, eu jamais teria ultrapassado as primeiras dificuldades rumo à construção de uma sólida trajetória acadêmica. Espero que essa posse represente apenas a primeira das muitas que deverão ser alcançadas por pessoas oriundas de grupos menos favorecidos. De maneira muito especial, desejo que muitos integrantes do GPHIAL sejam empossados em cargos dessa natureza, para contribuírem com a formação de outras pessoas. Longe de um simples grupo de pesquisas, o GPHIAL representa o principal motivo das investidas acadêmicas que realizei na última década. Lá, além de debatermos e escrevermos textos sobre povos indígenas, também concretizamos sonhos coletivos. Assumir o concurso representa apenas um deles.É chegado o momento de os filhos da agricultura ocuparem espaços nas universidades. O ensino superior transforma a vida das pessoas e a Uneal mudou a minha. Dedico essa conquista a Antônia Neves e Manoel Correia, meus pais, por terem me incentivado a continuar estudando, mesmo diante de inúmeras adversidades enfrentadas por quem se aventura a viver na zona rural. Essa posse resulta do árduo trabalho que vocês executaram em roças, cercados e matagais para garantir a solidez dos meus projetos acadêmicos.
Qual foi o papel da Uneal na sua trajetória?
Nutro uma dívida de gratidão impagável com a Uneal. Sem dúvidas, caso não a tivesse frequentado, certamente eu jamais teria alcançado tantas vitórias acadêmicas ao longo dos últimos anos. A bem da verdade, eu finalizei o curso de História no Campus III em fins de 2017, mas não me tornei egresso da instituição no sentido estreito do termo, pois sempre estou envolvido em projetos de ensino, pesquisa e extensão fomentados pela Uneal. Desde 2015, quando passei a integrar o Grupo de Pesquisas em História Indígena de Alagoas (GPHIAL), coordenado pelo professor José Adelson Lopes Peixoto, tenho a oportunidade de acessar preciosas fontes documentais, participo de calorosos debates acadêmicos, contribuo na organização de livros, publico textos sobre povos indígenas em Alagoas e me envolvo em um sem-fim de atividades fomentadas pelo grupo. Recentemente, a título exemplificativo, colaborei na construção da Editora GPHIAL, um veículo de divulgação acadêmica muito significativo para o grupo de pesquisas. Desde 2022, leciono no Curso de Licenciatura Intercultural Indígena (CLIND), onde tenho contato com professores de diferentes áreas, além de indígenas pertencentes aos 12 povos reconhecidos em Alagoas. No CLIND, consolido as trocas de experiências docentes com colegas renomados e contribuo com a formação acadêmica indígena nos Polos Sertão (Pariconha), Agreste (Palmeira dos Índios) e Baixo São Francisco (São Sebastião). Devo dizer, por fim, que sem a Uneal a posse no concurso público da UNEB não passaria de um sonho distante.